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segunda-feira, 21 de junho de 2010

GANHAMOS A COPA DO TWITTER: O que está por trás do 'Cala boca Tadeu Schmidt'


Amigos e amigas desta twittaria tupiniquim! Inicialmente, bons invernos para todos vocês.

Muita gente me pediu para comentar o fenômeno dos "cala-bocas". Alguns analistas de plantão já bloguearam por aí algumas coisas, mas gostaria de dar meu humilde ponto de vista.

Tratarei de nuances para as quais eles não atentaram (ou não quiseram atentar).

Com todo respeito, discordo de análises apressadas como a do colunista do IG Flávio Gomes. Nada contra seu estilo desbocado (afinal questão de bom gosto não se discute: uns têm e outros, não).

Vamos direto ao ponto: o colunista xinga a revista Veja por dar a capa para o tema "CALA BOCA GALVÃO" e apenas meia página para José Saramago, cuja notícia do falecimento aconteceu na sexta.

A revista Veja acertou sim ao escolher o tema de capa. O referido colunista é jornalista ou jornaleiro? Não se lembra como se fecha uma revista? Para ser distribuída em todo país, a Veja tem seu fechamento pesado na quarta.

Na sexta, a maioria da edição já concluída. A morte do maior escritor em língua portuguesa não podia passar em branco e, com certeza, os editores tiveram de trabalhar rápido e "derrubar" algumas páginas já editadas.

Parece irônico, que tudo tenha acontecido dessa maneira. Mas, dizem os cabalistas, a ironia é uma figura de linguagem divina.

Flávio Gomes batiza seu artigo de "Era do Grunhido", citando uma frase infeliz do mais saramaguianos dos josés. Comento esse particular no livro recém-lançado Twitter, Chiclete &Camisinha: Como Construir Relacionamentos e Negócios Lucrativos nas Redes Sociais.

Reproduzo a frase boba de Saramago, para facilitar a vida de meus leitores e diminuir um pouco a audiência do Google: “Nem sequer é para mim uma tentação de neófito. Os tais 140 caracteres reflectem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido” (sic)

Ou seja: o mais famoso dos josés nem se deu ao luxo de experimentar. Depois dessa, até pensei em doar minha coleção de livros do "mago sara" para uma instituição de caridade. Mas compreendi e voltei a ser fã dele, pois ninguém é perfeito, dando-me a liberdade para discordar veemente de sua ignorância twitteira.

Na verdade, Saramago não teve tempo de degustar o Twitter. Não podemos nos esquecer que o Twitter foi lançado em 2006 e só começou a ganhar espaço na mídia mesmo em 2007.

Nesse ano, o grande escritor já estava com sua saúde debilitada e escrevia a muito custo A Viagem do Elefante. É claro, fazendo a retrospectiva dos fatos, que sua esposa, Pilar del Río, omitiu informações sobre a leucemia que o consumia. Ele até deixou de publicar seu blog naquele período.

OS CALA-BOCAS

Os editores de Veja, diante do imponderável que é o dia-a-dia jornalístico, optaram pela repercussão planetária inédita de um fenômeno ainda pouco compreendido: a força do Twitter. Acertaram em cheio. O assunto não podia passar em branco.

Outro dia, no Facebook, minha colega Leda Beck fazia críticas ao Twitter: "Não sou contra o Twitter. Mas sou contra o empobrecimento geral da capacidade de pensar das pessoas - e o Twitter é parte desse processo, inevitável e inexorável, reconheço..."

Não vou dizer que a Leda pisou no tomate, pois nem sei se ela gosta ainda desses artigos naturais, mas acho que ela está redondamente errada (tão redonda quanto possa ser uma melancia).

O Twitter é uma fabulosa ferramenta de síntese. As linguagens são regidas por uma economia peculiar. A Semiótica mostra que, quando há termos em excesso, a própria linguagem tem mecanismos para reduzir, abreviar, cortar e editar a verborragia. O que pode ser dito em 140 caracteres não precisa ser dito em 1400.

Tentei explicar para Leda que o título que damos a uma obra é um fenômeno "twitteiro". “Cândido” para o calhamaço de Voltaire. “Ilíada” para o versos homéricos. “Bíblia” para os 66 livros do cânone.

A vida – e a linguagem – tem variados exemplos de fenômenos “twitteiros”. Os apelidos, por exemplo. E mais: as siglas, as interjeições, os suspiros, as frases significativas.

Já notou que as coisas realmente importantes e significativas são faladas em poucos caracteres? "Ganhamos!" "Eu te amo" "Corra!" "Me ajude" "SOS" “Gol!” etc etc etc.

O fenômeno do cala-boca mostra, antes de tudo, uma hegemonia brasileira. Podemos até não ganhar a Copa na África do Sul (que o Dunga nos ouça e se cuide!). Mas já ganhamos a Copa no Twitter.

Os brasileiros mostraram ao mundo que não estão brincadeira no Twitter. Ou melhor, estão até para isso (se o caso é "brincar de ser sério e levar a sério a brincadeira", como diria Rita Lee).

O número de Retwittes para chegar “top parade” dos Trends Topics mundiais não é para qualquer país não. Twitteiros tupiniquins mostramos que somos fortes em redes sociais.

O Twitter é a segunda maior rede social do mundo e nossa twittaria é a mais atuante (apesar de numericamente estarmos em segundo lugar).

E já nos tornamos bicampeões: o cala-boca de ontem (CALA BOCA TADEU SCHMIDT) confirmou essa posição. Agimos como rede social, temos líderes formadores de opinião e capazes de puxar o samba-enredo ganhador na avenida da twittaria mundial.

Tudo isso com muito humor, sedução, malandragem e dribre. Afinal, somos brasileiros!

Que tal agora, twittaria tupiniquim, tentarmos o tri?! Só de tiração de sarro poderíamos lançar um CALA BOCA DERCY!

Os estrangeiros iam perguntar "what is Dercy?". E a gente explicaria: "É uma ave rara de plumagem vermelha em perigo de extinção que voou para a Patagônia e não deu mais o ar da graça".

Os fãs da Dercy vão adorar! E, como bom brasileiro, também Deus (que a tenha em sua eterna rebeldia!)

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Em primeiro lugar, preciso levantar a bola do twitter...as redes sociais são uma extensão do que somos. O que é feito nela é puramente um reflexo social. Empobrecimento cultural? Ele existe, mas vem de antes da criação da internet, é mais político do que digital. A ideologia limitou vários pensadores ao longos destes últimos dois mil anos e eles não tinham twitter...O que precisamos entender é que a linguagem hegemõgica ficou lá atrás. Mas o que quero dizer com isto? Que o Galvão é ruim? Não. Quero dizer que a opinião das pessoas não é unânime como se imaginava ser. A Veja acertou, e vamos combinar, Twitter vende mais do uma capa do Saramago. Me desculpe, José. Hoje p Brasil tem 8% total de usuários do Twitter, sendo que 91% da população conhece ou já ouviram falar do Microblog. É um sucesso e um nicho interessante de marketing. O que me intriga é a queda do número de usuários nos Estados Unidos, hoje corresponde a 50% dos usuários(este número já chegou a 62% fonte Sysomos ). O que aconteceu? Tagi, você pode me explicar?

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