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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A Tessália e o Bode



Conta a lenda que havia uma tribo que, em vez de viver em torno das fogueiras, desperdiçava a vida diante de telas coloridas estroboscópicas.

A tribo era evoluída tecnologicamente. Mas, apesar disso, ainda praticava o ato fervoroso do "Sacrifício do Bode Expiatório".

Um dia, há muito tempo, esse povo resolveu sacrificar (ao vivo e em cores) uma habitante chamada Tessália. A moça tinha praticado diante das telas estroboscópicas coisas que se faziam todos os dias, em todas as cidades do mundo, em numerosos vãos momentos.

Por falta de um Bode melhor e maior, esse povo escolheu Tessália. Chamaram-na de vilã, pornográfica, falsa, desleal, "arrasa casamento", boqueteira e filha da dita "cuja" (na verdade, a chamaram de "cuja").

Naquela noite, a noite do sacrifício, a tribo foi dormir tranquila e santificada. Havia sido morta a execrada, a desqualificada, a "cuja".

Naquela noite, cada índio e índia da tribo dormiu em paz, esquecido e redimido de sua culpa, de seu crime -- de sua própria vileza.


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